Ontem, ao conversar com uma queridíssima amiga, ela sugeriu como causa para esta fase menos boa que tenho vindo a atravessar, a falta da realização profissional. [Amiga, não escrevo isto em tom de crítica, faço-o apenas porque tenho esta mania de reflectir sobre tudo (e de escrever sobre as reflexões que faço). E sabes que respeito as tuas opiniões e opções, tal como tu também respeitas as minhas.] Aquilo que a minha amiga pensa, e provavelmente acredita, é aquilo que hoje é considerado «normal»: que as mulheres, tal como os homens, precisam de ter uma carreira e de se realizarem profissionalmente. Mas não é verdade. Há muitas outras, como eu, que, ainda que constituam uma minoria, se sentem realizadas a cuidar das suas famílias e das suas casas. Quando escrevo estas coisas, não é tanto para me justificar ou para fazer entender isso a quem não pensa como eu. Eu respeito quem não pensa e sente como eu, e não me proponho mudar a opinião de ninguém. Faço-o porque gosto de escrever sobre o que me vai na alma e também para aquelas mulheres que pensam e sentem o mesmo que eu mas que, pela pressão dos outros, se sentem culpadas, inferiorizadas, envergonhadas. Não temos de nos sentir assim, de forma alguma.
Eu não me sinto culpada nem inferiorizada mas já houve tempos em que me senti assim. Pela graça de Deus, e pela benção de ter conhecido outras mulheres como eu (através da Internet), consegui livrar-me desses sentimentos tão negativos. E sinto-me feliz e abençoada por ser uma dona de casa (ou o que lhe quiserem chamar; pessoalmente, gosto muito da expressão inglesa homemaker) a tempo inteiro. Agradeço a Deus todos os dias o privilégio que tenho de poder cuidar da minha família e da minha casa sem as preocupações de um trabalho fora de casa. Agradeço a Deus o marido que tenho e o trabalho que ele tem e que me permite dedicar-me a 100% à família. Mas como qualquer outro ser humano, tenho os meus problemas, tenho as minhas insatisfações. Há coisas na minha vida que eu gostaria que fossem diferentes, da mesma forma que uma pessoa que exerça uma profissão da qual gosta também tem os seus problemas e tem dias menos bons. E não, não tenho medo do futuro. Muitos me lembram que no caso de divórcio, morte ou desemprego do meu marido, eu ficarei em apuros porque não tenho um trabalho. Isso não me preocupa. O meu futuro, e o da minha família, a Deus pertence. Confio na Sua provisão. Preocupa-me cumprir da melhor forma possível a missão que Ele me confiou, o resto é com Deus. Além disso, a nossa segurança não está num trabalho. Tenho visto tantas pessoas que pensavam estar seguras com os seus trabalhos e tudo desmoronou de um dia para o outro. A nossa segurança e confiança têm de estar em Deus.
E não tenhamos também medo de nos assumirmos como diferentes da maioria. Assumamos o direito à diferença, desde que a diferença não seja sinónimo de pecado. É que está mais do que provado que nem sempre a maioria caminha pelo trilho certo.
4 comentários:
Ola. Consigo entender lindamente a tua posição... Já houve tempos em que a realização profissional era o que eu mais queria, mas hoje...
Confesso que as tarefas domésticas não me seduzem minimamente, excepção feita para as artes gastronómias e uma certa tolerância para a parte de engomadoria. Mas na verdade... levar os filhos à escola, passar pelo supermercado para escolher os legumes mais frescos, regressar a casa e apanhar morangos e limões para a sobremesa de logo à noite, passear a cadela, ajudá-los nos trabalhos de casa, dar-lhes banho e deitá-los é sem duvida alguma aquilo que mais me realizaria "profissionalmente".
Infelizmente ainda não posso ser radical e tomar esta opção como única, mas um dia, espero que dentro de pouco tempo, eu sei que vou alcançar esta plenitude...
Viva a liberdade de escolha e abençoadas sejam as donas de casa!
Olá Lara, engraçado ter encontrado o seu blog e ler seus artigos apenas agora...já passei por isto que vc está passando, foram quase três anos em casa, me senti literalmente cobrada, e muitas vezes criticada por estar em casa e dedicar a minha filha nos seus primeiros anos de vida, houvi muitas coisas que me feriram...Estava mesmo a beira de uma depressão algo que jamais pensava em eu chegar!!! tudo por cobranças, de uma sociedade que só julga o que vc é e que deixa de fazer!! ser mãe é a maior presente, desfrute deste momento, não se envergonhe, dedica ao que Deus tem te proporcionado neste momento, cuidar da sua família, um dia vc vai colher o que tem plantado agora, vai ter uma filha bem mais segura. Não vou mentir que em apenas um mês trabalhando, teve dias que fui trabalhar com o coração partido, ao ver minha filha triste e sentir minha falta!!Sou Denise encontrei com vc e a Susana no Continente de Loures!!
Bjinhos e Deus te abençoe
Olá Denise,
Pensei muito em ti e na tua filha desde esse dia em que te encontrámos. Eu acredito que uma mulher em casa, quer seja ou não mãe (mas sobretudo se o for) tem um papel importantíssimo para a família e para a sociedade. Mas embora eu sempre tenha sentido isso, desde a minha adolescência (e apesar de ter sido criada para ser uma mulher de carreira), durante muito tempo achei que estava errada em me sentir assim. Foi um longo percurso, um dia conversamos sobre isso. Mas apesar dessa minha convicção, não considero que todas as mulheres tenham que estar em casa. Cada uma, dentro dos seus limites também (porque muitas vezes não podemos fazer como queremos) escolhe aquilo que é melhor para si e para a sua família. E há outras que passam por etapas diferentes, numa altura da vida acham importante ficar em casa, noutra já não. Cada vida é uma vida. O mais importante é não nos culparmos, não aceitarmos essas críticas sem sentido e vivermos de acordo com a vontade de Deus para a nossa vida.
Um beijo grande e que Deus te abençoe sempre muito.
Lara
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