Está a partir de hoje nas livrarias o livro «Aproveitem a vida», que António Feio nos deixou. Deixou-nos muito mais mas li a pré-publicação do livro nas páginas da Lux e gostei muito. Penso que é um importante testemunho para quem esteja a passar pelo mesmo. Apesar de ele dizer que não tinha fé. Quanto a mim, acho que não era bem assim mas só ele e Deus é que sabem. De tudo o que li, ficou-me especialmente este parágrafo, talvez porque eu própria também sou um pouco assim:
«Quando soube que tinha um cancro, o choque não foi muito grande, na medida em que não foi nada que não me tivesse já passado pela cabeça. Tenho um defeito muito grande que é pensar muito, coisa que faço já há muitos anos. Estou desconfiado que já pensei tudo o que tinha a pensar. Já pensei no que me poderia acontecer se tivesse uma doença destas. Ideias que me ocorrem do nada. Posso estar tranquilamente a olhar para a paisagem e de repente passar-me uma coisa destas pela cabeça. Nunca fui o tipo de pessoa que acha que estas coisas só acontecem aos outros. Pelo contrário. Sempre acreditei que tudo nos pode acontecer. Assim como pensei que poderia vir a ter uma doença destas, pensei que poderia ter um desastre, levar com um tijolo na cabeça, podia escorregar e dar com a cabeça no passeio...»
Falando agora por mim, eu também sou assim: imagino todos os cenários possíveis na minha vida, penso nisto, penso naquilo, mas não num sentido fatalista. É apenas um exercício habitual da minha mente. Nem sequer fico angustiada quando penso em cenários mais negros. Apenas penso. Mas há alguém que me consegue surpreender, mesmo quando eu penso que já pensei tudo o que havia a pensar: Deus!
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