quinta-feira, outubro 14, 2010

Coisas que se ouvem e que fazem pensar...

Estava eu ontem numa sala de espera, aguardando pacientemente a minha consulta, e oiço esta conversa entre 3 senhoras:
1- Nunca mais te tinha visto. O que é feito de ti?
2 - Olha, tenho estado muito doente. Só este ano já estive internada três vezes. Tenho andado muito em baixo.
3 - Nem pareces a mesma.
2- Pois é.
3 - Eras sempre tão alegre, brincalhona, cheia de vida. E sempre envolvida nas actividades da igreja.
2 - Agora já não posso. A saúde não deixa. E sabem uma coisa, desde que estou em casa com estes problemas que ninguém lá da igreja católica me visita (falou de alguns nomes, incluindo padres, mas isso não interessa para aqui). A única pessoa que me visita é uma senhora protestante. Mas ela que não me oiça porque eu gosto muito que ela me visite mas mudar é que nunca!

quarta-feira, outubro 06, 2010

Vale a pena ouvir!!!!

Este novo trabalho é de uma pessoa linda que eu conheço há relativamente pouco tempo. Fui presenteada pela Marta no meu aniversário e desde então o CD está no carro e estou sempre a ouvi-lo. As músicas são todas lindíssimas e a voz da Marta é também um presente de Deus. Vale a pena ouvir. Eu estou encantada e com estas músicas tenho aproveitado o tempo das viagens para louvar e adorar o nosso bom Deus.

O exemplo dos gansos, do devocional A Palavra para hoje, da UCB

«Com os gansos as relações são até que a morte os separe. Eles levam-nas a sério. Entregam-se ao compromisso. Quando os estragos do tempo ou as circunstâncias fazem com que seja impossível para uma das aves continuar a viagem e ela começa a perder altitude ou não consegue manter-se a par com a formação, o grupo de gansos conforta-a, nutre-a e protege-a. Dois gansos fortes abandonam a formação, voando com o paciente a salvo entre eles, encontram uma posição de abrigo com comida e água e constroem um lar para a ave necessitada. Ficam com ela até que recupere ou morra, antes de se juntarem a outra formação. Para eles, tudo fica em espera para poderem cuidar da ave com problemas! Que exemplo da relação recomendada por Cristo e do amor abnegado: "...Deus assim fundou o corpo...tenham os membros igual cuidado uns dos outros...se um membro padece, todos os membros padecem com ele..." (1 Coríntios 12:24-26). Na cultura dos nossos dias marginalizamos e dispensamos os necessitados, incluindo aqueles que já não funcionam como funcionavam antes. Mas Deus ordena que tenhamos "igual cuidado uns dos outros", especialmente para com aqueles que sofrem. Se um bando de aves pode fazê-lo, seguramente a família de Deus também é capaz. "Olhai para as aves do céu..." indica Jesus. Se elas conseguem fazer isto umas pelas outras "...não tendes vós muito mais valor do que elas?" (Mateus 6:26). Um dos dois mandamentos (não sugestões) mais grandiosos que Cristo nos deixou é "...Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes" (Marcos 12:31). Quando as pessoas perceberem que nos amamos desta maneira, virão bater às portas das nossas igrejas querendo entrar!»

segunda-feira, outubro 04, 2010

Dondoca...

O dicionário, a par com o computador, sempre foi a ferramenta de trabalho fundamental no meu trabalho como tradutora. Agora que só faço traduções de quando em quando, pego-lhe menos, mas ainda assim, continua a ser um grande amigo, sempre que surgem dúvidas ou quando me deparo com alguma palavra nova. E a minha filha, não apenas por ter aprendido comigo, mas talvez por ter herdado isto da mãe, já sabe usar o dicionário com relativa facilidade.
Mas tudo isto para dizer que este fim-de-semana resolvi ir ao dicionário procurar o significado de uma palavra que conheço e que vejo hoje ser utilizada por muita gente, embora seja uma palavra brasileira. De facto, o meu Dicionário da Língua Portuguesa não tem tal palavra (talvez seja demasiado antigo) e tive de recorrer à Internet, onde encontrei na Infopédia o seguinte significado: "Dondoca: Brasil coloquial. Mulher de boa situação social, ociosa e fútil."
Afinal eu até conhecia o significado da referida palavra. Mas queria ter a certeza antes de escrever alguma coisa sobre a mesma. Tenho ouvido várias pessoas referirem-se às mulheres que não trabalham fora de casa como dondocas. E três amigas já a usaram relativamente à minha pessoa, embora me tenham pedido desculpa pelo termo que estavam a utilizar. Confesso que fiquei um bocadinho confusa. Ou elas não conhecem bem o significado da palavra embora, ao pedirem-me desculpa, eu seja levada a crer que têm pelo menos uma leve noção do mesmo, ou então não entendo. Não me estou a ver, por exemplo, a conversar com uma amiga e a chamar-lhe fútil ou ociosa, pedindo depois desculpa pelo termo utilizado. Tenho a impressão de que ficaria bastante triste e magoada comigo (ainda que pudesse ser verdade). Por isso, como devem calcular, também não acho muita graça quando alguém chama dondoca a mim ou a outra mulher que está em casa.
Então vamos lá analisar por partes o significado da palavra dondoca.
«Mulher de boa situação social» - isto é um bocadinho relativo. Há donas de casa com uma boa situação social mas há muitas outras que não a têm. E que talvez até constituam a maioria.Quanto a mim, acho que estou no meio termo. Não me considero uma mulher de boa situação social mas, em comparação com tantas outras mulheres, tenho uma excelente situação. Dizem-me muitas vezes que eu só estou em casa porque posso. É verdade sim. Mas também é verdade que para fazermos determinadas coisas temos de prescindir de outras. É assim com toda a gente. E cada um faz as opções que pode e que quer.
«Ocioso - que não tem que fazer, que não trabalha; inútil; inactivo; apático; inerte; que não quer fazer nada; mandrião.»
«Fútil - que tem pouco ou nenhum valor; insignificante; frívolo, vão; leviano; desmiolado.»
Olhando então para a definição destes dois adjectivos, vejo que não me encaixo em nenhum deles. Não sou mandriona, trabalho e muito e tenho sempre muito que fazer. É verdade que às vezes não me apetece fazer nada mas quem não tem dias desses? Quanto a ser fútil, também não me parece. Sei que tenho muito valor e a minha família também o sabe. E para Deus então, nem é preciso dizer o valor que tenho eu e todos nós.
Depois desta análise pormenorizada do termo «dondoca», chego a duas conclusões:
- Não sou dondoca, como também não o é a maioria das mulheres que eu conheço e que estão em casa.
- Há muitas dondocas a trabalhar fora de casa.