sexta-feira, novembro 04, 2011

Reflexões

Para começar, devo dizer que não sou nada criativa na escolha dos meus títulos. Esta deve ser para aí a décima reflexão que faço, ou melhor, a décima mensagem a que chamo reflexões porque quanto às ditas, faço eu muitas todos os dias! Sempre tive uma dificuldade com títulos, com rótulos generalizando mais a coisa. Já na escola o meu maior prazer era escrever composições. Ou redacções como se dizia naquela altura. Com c, que por enquanto recuso-me a tirar o c. Mas vou acabar por ter de o fazer. Como tantas outras coisas a que temos que nos habituar mesmo sem gostar. Isto daria para outra mensagem mas agora não me apetece ir por aí.

Tal como muitas crianças (podem dizer a verdade pais, mesmo que não pareça bem!), preciso de me distrair com a televisão quando estou a tomar o pequeno-almoço. Eu sei que o pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia e até nem consigo passar sem ela, mas custa a entrar. É por isso que uso o truque da TV. E ajuda mesmo! Costumava ver as notícias da manhã mas como não tenho paciência para zappings, às vezes só apanhava a parte do futebol que deve ser muito importante, mas não para mim. Sou do Benfica porque sim, por tradição familiar, mas nem sei quem joga lá nem que resultados tem o clube. Acho que sei quem é o treinador, o que já não me parece nada mau!

Dizem que a conversa é como as cerejas mas passa-se o mesmo quando escrevo. Ainda não cheguei ao que realmente quero dizer! Mas vou chegar. É só mais umm bocadinho!
E então, não só por causa do futebol mas porque apanho todos os dias uma overdose de notícias com a minha avó a passar tardes inteiras a ver a Sic Notícias, resolvi escolher outra programação para os meus pequenos-almoços. E cheguei a um tal de Discovery Travel & Living. Tenho a impressão de que o canal já tem entretanto outro nome mas isso agora também não interessa nada. E dependendo da hora do pequeno-almoço, comecei a ver dois programas que muito me agradam, dado o meu gosto por cozinhar e também por comer: My Greek Kitchen e Great British Food.
Entretanto, e como o dito canal parece ser um bocadinho instável em matéria de programação, nas últimas duas manhãs não houve culinária para ninguém. Ontem vi umas noivas mas nem cheguei a perceber muito bem de que tipo de programa se tratava. E hoje vi uma coisa que me deixou boquiaberta. Umas meninas que estavam a participar num concurso chamado America's Trezured Dolls. Meninas pequenas, desde bebés até cerca dos seis anos, todas maquilhadas e penteadas como adultas, obrigadas pelas mães a desfilar e a fazer poses sensuais perante um júri e uma assistência. Vi uma menina de dois anos, que já tinha entrado em cerca de 80 concursos do género, e que naquele dia fez uma birra em pleno palco, deixando a mãe muito aborrecida.

Fiquei abismada porque desconhecia este mundo. E chocada porque não estou de acordo com semelhantes situações. Mas isto levou-me a outra reflexão. Será que tenho o direito de julgar? Haverá muitos que, tal como eu, se sentem chocados com aquelas imagens, mas haverá outros tantos, como aquelas mães, que não vêem mal algum naquilo. Interrogo-me onde está o equilíbrio nisto tudo. Não tenho uma resposta. Sei que não gosto de extremos. Mas também não sei qual é o ponto de equilíbrio.
Sempre me irritaram as pessoas que estão sempre prontas para julgar as atitudes dos outros. E se tenho sido alvo de críticas! Mas nem sequer é uma questão pessoal. Desde criança que sempre saí em defesa daqueles que eram vítimas de julgamentos, preconceitos, humilhações. Está-me no sangue. A minha mãe até dizia com alguma graça que já não tinha paciência para mim, «sempre defensora dos pobrezinhos, dos velhinhos, das criancinhas, dos animaizinhos, dos desgraçadinhos».

Não temos o direito de julgar, mas também não podemos aceitar tudo como normal, dir-me-ão muitos. E eu estou de acordo. Talvez por esse excesso de "respeito" pela liberdade do outro tenhamos chegado a esta crise de valores em que vivemos. Em que ficamos então? Sinceramente não sei.
Dir-me-ão outros que nós, cristãos, temos a obrigação de nos levantarmos contra aquilo que é contrário à Palavra de Deus. Porque nós conhecemos a verdade. Sim, estou de acordo. Mas quem não conhece a verdade, conhece outras verdades e está convencido de que tem a razão do seu lado. Porque todos queremos ter razão. E até dentro da igreja temos tantas e tantas divergências. Posso dar um exemplo muito concreto, que se passa comigo. Eu, e milhares de cristãos por esse mundo fora, encontro fundamento bíblico para cuidar da minha família a tempo inteiro e não procurar trabalho remunerado fora de casa ou para ser a favor do ensino doméstico. Mas muitas outras pessoas dentro da igreja encontram na Bíblia razões para pensarem de forma completamente oposta. E quem tem razão?

Não tenho, de facto, as respostas para tudo, mas penso que temos de fazer um esforço para sermos razoavelmente equilibrados e sensatos, sem cair em fundamentalismos. Podemos defender aquilo em que acreditamos com palavras, mas sobretudo com o nosso estilo de vida, mas sem agredirmos nem julgarmos os outros. E não queiramos fazer um trabalho que não é nosso.

«E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.» João 16:8



3 comentários:

Mrs. Potter disse...

Complicado... A questão concreta das meninas que são colocadas pelas mães a desfilar é triste... São crianças que estão a ser mutiladas e castradas da sua inocência e nesse aspecto não me parece que seja necessário o respeito ou tolerância. Tratam-se de crianças. Os adultos fazem escolhas. As crianças, nesse caso, não as fazem, são coagidas a fazer o que as mães querem. Por isso precisam de quem as proteja e de quem diga as coisas que precisam de ser ditas.
Quanto ao restante, não devemos julgar é verdade, mas se estiver na nossa mão mudar pessoas dizendo a verdade devemos fazê-lo. Jesus não era politicamente correcto. ;)
Beijinhos*

Lara disse...

Tens razão naquilo que dizes mas continuo a achar que é uma questão complicada. E volto a dar o exemplo do ensino doméstico. Como sabes, muitas famílias cristãs em todo o mundo praticam-no à luz daquilo que diz a Palavra de Deus. Mas muitos cristãos que conheço, quando tive a minha filha a estudar em casa, se insurgiram porque achavam que eu estava a fazer uma crueldade à minha filha. Volto a perguntar: em que ficamos? É como te digo, não tenho uma resposta. Só me apeteceu reflectir e ler outras reflexões, como a tua. Obrigada por comentares. Bjs.

Mrs. Potter disse...

Ah, a questão do ensino doméstico. Isso é mais uma questão de cultura/mentalidade. No norte da europa é permitido aos cristãos fumarem. Cá, é considerado algo pecaminoso. E poderia continuar a dar exemplos: cabelo comprido/curto, usar brincos ou não, maquilhagem, ir ao cinema e por aí fora...
No entanto, quanto ao ensino doméstico julgo que seja mais por ignorância que as pessoas julguem mal, do que por outra coisa. Até, porque à luz da Bíblia é aos pais que cabe a tarefa de fazer dos filhos adultos responsáveis. Contudo, hoje em dia, os pais cristãos delegam nos professores de escola dominical e nos pastores a tarefa de lhes ensinar os fundamentos do cristianismo, fugindo assim às suas responsabilidades. Reflexos de uma sociedade cujos tentáculos chegam a todo o lado. Já estou a começar a divagar. ;)
Beijinhos e um bom fim de semana.