Diz o povo que com papas e bolos, se enganam os tolos. Não me tenho por tola, mas se me enganarem, só se for com bolos, que às papas, nem vê-las! Gosto de tudo, ou quase tudo, o que tenha uma consistência semelhante à papa, mas não da dita. Dêem-me mousses ou uma qualquer comida mastigada que eu fico feliz. O termo "comida mastigada" não é sugestivo, mas a minha mãe usa-o muito para se referir àquelas comidas que não precisam de ser muito mastigadas, como por exemplo uma açorda ou um bacalhau com natas. Comida mastigada por outros, dispenso naturalmente, especialmente em tempos de Covid19. E as papas, perdoem-me aqueles que as apreciam, parecem-me sempre comida mastigada por outros.
A papinha na foto, e não sei porque uso o diminutivo, é a famosa papa Maizena. Passo a publicidade mas parece que é assim que é conhecida, apesar de esta ter sido feita com um qualquer amido de milho de marca branca. O meu marido sempre falou dela com muito carinho e recordava saudosamente os tempos em que a comia. E não me perguntem por que razão é que, em 22 anos que estamos juntos, nem ele me pediu para lhe fazer uma destas papas, nem eu tomei a iniciativa de as fazer. Mas nunca é tarde. Este ano a coisa deu-se e agora não quer outra coisa. Ele delicia-se com a papa e eu faço-a com carinho, mas olhando para ela sem nunca entender como alguém pode gostar daquilo. A nossa filha também não é fã desta papa mas aprecia outras. E ainda por cima com grumos, o que torna a coisa pior. Ou não. Quanto a mim, já estou a pensar nas sardinhas que vou comer hoje. Isso sim, reconforta o estômago e alegra as minhas papilas gustativas!
1 comentário:
Há já muito que não passava por aqui. Tenho estado a actualizar o meu blogue com coisas antigas e modernas, eliminando umas coisas e adaptando (e adoptando) outras. E voltei a dar com o seu. Li o artigo da papa Maizena. Sim, é verdade, poderia ter outro nome mas foi por esse que passou à posteridade. Há marcas que ganham foro de cidadania e se impõem ao produto (basta ficarmo-nos pela Gilette...). Eu também sou menino Maizena, que é como quem diz, fui criado a saboreá-la em criança. E já casado, diga-se em abono da verdade, numa de revivalismo. E quem diz Maizena diz também Farinha Amparo ou Farinha 33, as duas grandes rivais de então. Isso no tempo em que não havia essas modernices de papas instantâneas (agora não se diz papas mas flocos disto e daquilo). Um dia, eram as filhas ainda bem catraias, desencantámos uma embalagem numa loja qualquer (ai, que saudades das mercearias de bairro) e toca de fazer para que elas apreciassem o sabor e experimentassem em primeira mão como era preparar as papas nos idos bem idos da infância dos papás. O pior foi explicar às colegas que papa era aquela: "Estrelitas"? Não. "Flocos?" Não. "Então não era papa... Fico à espera de mais papas, perdão, mais artigos. Com papas ou sem elas.
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