Não fora o desgraçado do vírus, e hoje seria dia de Marchas Populares de Lisboa. E para quem gosta de saber estas coisas, fica aqui um cheirinho da sua história. Não tenho raízes em Lisboa e cheguei a esta cidade (para ser mais precisa, perto dela) já espigadota, com 12 anos. Mas a minha mãe, também uma apaixonada pelas marchas, criou lá por casa a tradição de ir ver as marchas, e eu aderi com todas as minhas forças. Íamos bem cedo, para arranjar um bom lugar, e lá aguardávamos ansiosamente a hora do desfile, para depois nos maravilharmos com toda aquela alegria, cor e musicalidade. Passei o gosto à minha filha e só falho por motivo de força maior.
Sempre que estava na Avenida da Liberdade a ver as marchas a passar, sonhava com o dia em que eu própria também ali estaria. Mas julgava ser sonho impossível de se realizar, dado não ser nascida nem criada em nenhum bairro lisboeta. Já bem adulta e com uma filha de 4 anos, fruto de uma sequência de coincidências (para quem nisso acredita, porque eu tenho a certeza de que não as há), vi-me marchante pelo Lumiar. Oh, que alegria! Um sonho realizado! Falta-me o jeito para a dança e calhou-me um par que era metade de mim, mas lá me saí muito bem. Que emoção descer a Avenida! O meu marido foi aguadeiro e a minha filha assistiu entusiasmada, depois de não ter falhado um único ensaio e de saber a coreografia toda de cor. Já vos disse que tinha só quatro anos? Já me apeteceu repetir a experiência, mas provavelmente não o farei.
Não encontrei nenhuma foto minha, porque não sei onde as guardei, mas encontrei esta foto do ano em que fui marchante:
Hoje não há marcha, mas há manjericos. E que bem que cheiram! Lembram-me também a minha Vovó, que tanto gostava deles. Infelizmente, também me falta o jeito para cuidar de plantas, mas vou tentar que eles se mantenham viçosos por mais algum tempo. E se consegui marchar, também hei-de conseguir cuidar dos manjericos!
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