terça-feira, agosto 07, 2012

Tempo de parar


Esta foto nada tem a ver com o que vou partilhar mas gosto dela. É numa praia da Ericeira e foi tirada um dia antes deste episódio de que aqui quero falar.

   Numa altura da minha vida em que eu estava a começar a convencer-me de que ninguém podia passar sem os meus cuidados, fui obrigada a parar e a deixar que cuidassem de mim. Entrei na urgência de um hospital com a certeza de que, após um ou dois exames, me mandariam para casa, possivelmente com uma receita e algumas recomendações. Mas para meu espanto, o que ouvi foi: «Fica internada e amanhã é operada»!

   Correu tudo bem, graças a Deus, e agora estou em casa a recuperar. Transcrevo aqui as palavras de Enja-Christiane Seemann, no livrinho que a minha mãe me trouxe no dia em que vim para casa:

«O tempo de doença é um tempo de descanso. Nesta perspectiva, aceitá-lo-ás com gratidão. No entanto, não estava programado. Foi-te imposto e alterou completamente os teus planos. "Isto agora não me convinha mesmo nada", terás certamente pensado ao seres levado para o hospital ou metido na cama. O que fica agora para trás...
Esforça-te por encarar o tempo como um dom. Quantas coisas podes fazer, precisamente agora, para as quais nunca há tempo, na lufa-lufa da vida daqueles que têm saúde.
Passas agora muito tempo a sós contigo. Talvez como nunca. Podes entregar-te, simplesmente, aos teus pensamentos, fazer perguntas, procurar respostas para os muitos "porquês". Porquê eu, concretamente, porquê precisamente agora, porquê esta doença? Talvez, pela primeira vez na tua vida, faças certas perguntas.
Talvez tenha sido a importância dessas perguntas que tornou necessária esta doença. É bom que a vejas como uma oportunidade para crescer na vida.
Sabe tão bem ser alvo de tantos cuidados! Como doente, podes saboreá-lo de consciência tranquila. Desejo-te pessoas amáveis, mãos prestáveis e bons médicos que te evitem as dores e te atenuem os sintomas da doença. Sobretudo, que estejas rodeado de familiares e amigos que te visitem, que pensem em ti, e que te provem como és importante para eles. Deste modo sentirás que és amado.»

   E é assim que eu me sinto: grata e amada. Amada por Deus e amada por tantas pessoas que Deus colocou na minha vida. Pessoas que cuidam de mim, que fazem aquilo que eu agora não posso fazer, que oram por mim, telefonam, mandam mensagens, visitam...enfim, que me enchem de mimos. Ainda assim, uma ou outra vez há quem diga: «Foi uma operação muito simples. Eu já fiz operações mais complicadas e tive de começar logo a trabalhar porque não tinha quem me fizesse nada». Simples ou não, foi-me recomendado repouso e nada de esforços. E eu cumpro. Obediência. E não quero ter pressa.

«Marta! Marta! Estás ansiosa e afadigada com muitas coisas.» Lucas 10:41


«Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.»
Eclesiastes 3:1-8

E agora é tempo de parar, de descansar, um tempo para aprofundar e ampliar o meu relacionamento pessoal com Deus. E eu quero aproveitar esse tempo. Sem pressas. Sem culpas. Sem ansiedade. Sabendo que Deus é fiel ontem, hoje e eternamente!