A Rute, do Publicar para Partilhar lançou
este desafio e fiquei logo com vontade de participar, embora assim de repente não me sentisse inspirada para escrever alguma coisa. Mas não estamos aqui a participar em nenhum concurso de escrita e sim a partilhar memórias, experiências, sentimentos, palavras...
Hoje, e para começar esta blogagem colectiva, o tema é naturalmente o nascimento. Logo assim de repente, pensei no renascimento deste blogue. Ele tem estado parado, às vezes fechado, umas vezes quero escrever, outras não quero, e agora ele está a renascer. Este blogue não tem provavelmente acrescentado muito à vida das outras pessoas mas pelo menos tem sido uma forma de eu contactar com pessoas fantásticas, que as há e muitas, graças a Deus. Tenho aprendido, partilhado experiências e conhecido pessoas que pensam e sentem as coisas como eu. A internet, desde que usada com moderação e sabedoria, tal como muitas outras coisas na vida, é muito enriquecedora.
O nascimento é algo maravilhoso, um motivo de celebração. Sempre me habituei à celebração dos nascimentos, da nossa família, dos nossos amigos. Sim, é algo que quase toda a gente faz mas eu conheço pessoas que não celebram, que não gostam, por uma razão ou outra. A minha mãe sempre falou do meu nascimento, e do nascimento dos meus irmãos, com muita emoção e alegria, embora todos eles tenham sido acompanhados de muita dor. E é mesmo assim, dor e alegria misturam-se no milagre do parto. Muitas futuras mamãs me têm perguntado como fui capaz de aguentar a dor, sendo que sou tão pouco tolerante a ela, e me habituei a ouvir dizer que eu nunca iria conseguir ter filhos. É verdade que eu tive um parto muito fácil e rápido mas costumo dizer, porque foi o que senti nos momentos em que tive muita dor, que só facto de saber que estamos a pôr no mundo uma nova vida dá-nos forças para tudo e mais alguma coisa.
E a propósito de parto, partilho aqui convosco a história do meu parto, que escrevi alguns meses depois:
Um parto divertido
Sim, é claro que tive dores, apesar de ter tido um parto considerado fácil porque foi tudo extremamente rápido. Desejo a todas as mulheres um parto como aquele que eu tive. Mas foi também um parto divertido.
Alguma vez tinham pensado que um parto também pode ser divertido?
Quando cheguei à urgência do hospital, já tinha contracções de cinco em cinco minutos, mas ninguém estava com muita pressa de me atender. Uma hora depois de lá chegar, fui recebida por um médico que me aconselhou a ir para casa e a voltar na manhã seguinte com a carta que eu levava do meu médico. Nessa altura, lembro-me de pensar: “Se eu já estou com estas dores todas e ainda tenho de ir passar a noite a casa, então isto é muito pior do que eu pensava”. Mas felizmente, fui observada por outro médico que viu que o parto estava iminente. Porém, também ninguém parecia acreditar nele e diziam para o meu marido e para a minha mãe que a bebé só nasceria lá pelas três da manhã (eram na altura umas seis e meia da tarde).
Quando fui para cima com a enfermeira, esta mandou-me para a casa de banho com um clister e, quando eu estava a tentar fazer imaginam o quê, aparece o médico, diz-me para sair dali porque não havia tempo e leva-me para a sala de partos.
Já na sala de partos, apareceu uma médica ou enfermeira (naquela altura as dores já eram tantas que eu não consegui distinguir) e perguntou-me: Foi a senhora que pediu a epidural?” “Não”, disse eu, “mas...” “Então está cheia de sorte porque temos aqui o anestesista e podemos dar-lha.”
Mas o médico mandou a senhora embora: “Nem pensem nisso! A bebé está quase cá fora.” E assim foi. Quando senti vontade de fazer força e me disseram que já podia fazer, ainda pensei: “Meu Deus, isto deve ser ainda o efeito do clister!” Mas não era e, às 19:39, nascia a minha doce Catarina que tem agora cinco meses e que fez de mim a mulher mais feliz do mundo, ou melhor, uma das mais felizes. Não me posso esquecer de todas as mulheres que, tal como eu, viveram este milagre que é o nascimento de um filho.
E não posso deixar de falar no meu novo nascimento. O que é nascer de novo? Muitos conhecem a expressão, outros nem tanto. Eu confesso que não a conhecia até há uns anos atrás, precisamente até nascer de novo. E mesmo quando isso aconteceu, pensava, o que acontece quando se nasce de novo? Jesus disse: «Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.» (João 3:3). Com estas palavras, Jesus fala-nos da necessidade de um novo nascimento, de uma transformação espiritual. Sempre me lembro de crer em Deus mas, apesar disso, parecia sempre que faltava alguma coisa, que eu acabava por procurar nos lugares errados. Quando nasci de novo, aparentemente, permaneci a mesma pessoa, mas a minha vida foi transformada de uma forma que eu nunca imaginei e é por isso que hoje eu quero partilhar essa alegria com os outros. Além do mais, é muito reconfortante saber que Deus nunca desiste de nós e que, embora o nascimento físico ocorra apenas uma vez na vida, podemos renascer todos os dias para uma vida plena.