quinta-feira, março 10, 2005

Percentil, que palavrão é esse?

Nos dias que correm, pais e pediatras vivem obcecados com o percentil das crianças. Mas afinal, o que é o percentil?

Confesso publicamente a minha ignorância. Enquanto estive grávida, nunca soube e nem me preocupei em saber que história era essa do percentil. O meu obstetra, para fugir à regra ou talvez por ter percebido o meu desinteresse em relação a “pormenores técnicos”, nunca me falou do assunto. Nunca me preocupei em saber quanto media a cabeça da minha bebé e outras coisas do género. Bastava-me saber que ela estava bem.

Quanto ao percentil, ouvi algumas discussões sobre o assunto nos balneários do ginásio onde fiz as aulas de preparação para o parto. Mas nunca participei nessas discussões, nem me interessei pelo tema. No entanto, a minha vez acabou por chegar. Quando cheguei à primeira consulta de pediatria, com a minha bebé nos braços, lá estava ele, o percentil, à minha espera. E nunca mais me largou.

Até já consegui pôr a minha mãe a falar de percentis, apesar de as coisas serem diferentes na altura em que eu e os meus irmãos nascemos. Como ouvi certa vez alguém contar, o primeiro filho pesava-se todos os dias, o segundo todas as semanas, o terceiro todos os meses e o quarto, pegava-se nele para sentir o peso e logo se via se estava bem ou não.

Um parto divertido

Sim, é claro que tive dores, apesar de ter tido um parto considerado fácil porque foi tudo extremamente rápido. Desejo a todas as mulheres um parto como aquele que eu tive. Mas foi também um parto divertido.

Alguma vez tinham pensado que um parto também pode ser divertido?

Quando cheguei à urgência do hospital, já tinha contracções de cinco em cinco minutos, mas ninguém estava com muita pressa de me atender. Uma hora depois de lá chegar, fui recebida por um médico que me aconselhou a ir para casa e a voltar na manhã seguinte com a carta que eu levava do meu médico. Nessa altura, lembro-me de pensar: “Se eu já estou com estas dores todas e ainda tenho de ir passar a noite a casa, então isto é muito pior do que eu pensava”. Mas felizmente, fui observada por outro médico que viu que o parto estava iminente. Porém, também ninguém parecia acreditar nele e diziam para o meu marido e para a minha mãe que a bebé só nasceria lá pelas três da manhã (eram na altura umas seis e meia da tarde).

Quando fui para cima com a enfermeira, esta mandou-me para a casa de banho com um clister e, quando eu estava a tentar fazer imaginam o quê, aparece o médico, diz-me para sair dali porque não havia tempo e leva-me para a sala de partos.

Já na sala de partos, apareceu uma médica ou enfermeira (naquela altura as dores já eram tantas que eu não consegui distinguir) e perguntou-me: Foi a senhora que pediu a epidural?” “Não”, disse eu, “mas...” “Então está cheia de sorte porque temos aqui o anestesista e podemos dar-lha.”

Mas o médico mandou a senhora embora: “Nem pensem nisso! A bebé está quase cá fora.” E assim foi. Quando senti vontade de fazer força e me disseram que já podia fazer, ainda pensei: “Meu Deus, isto deve ser ainda o efeito do clister!” Mas não era e, às 19:39, nascia a minha doce Catarina que tem agora cinco meses e que fez de mim a mulher mais feliz do mundo, ou melhor, uma das mais felizes. Não me posso esquecer de todas as mulheres que, tal como eu, viveram este milagre que é o nascimento de um filho.

Sorriso

"Saiba sorrir para a vida a fim de que ela seja a sua própria alegria de viver. A partir daí, a felicidade estará permanentemente ao seu lado."(Iran I. Jacob)